Descrição

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31 de março de 2020

Quarentena a dois

Eu estava jogado no teu quarto
Bagunçado, igual nossas vidas
A cama cheia de roupas e na janela as plantas
Viraram pequeno detalhe em meio ao caos
Na sala tua bolsa aberta, a estante lotada
de cigarros largados à papéis cortados
4:00 da madrugada você saiu sem falar nada
foi na padaria voltou e deitou de lado
ficou calado
Eu já dormia, você assistia
de manhã eu acordei e senti solidão
queria me expressar pedir pra você me abraçar
tem tantas perguntas no interior, nem tudo é sobre amor, mas cê sabe mano, toda hora eu falo
você me ajuda a passar por climão
não quero te segurar e sentir que você quebra
não queria me sentir essa pedra
A gente fala de ser livre e eu acho massa
mas você deixa que as pessoas vão lá e te despedaça
você deixa que elas tirem isso de você
eu não tô nem aí, só que tô contigo e cê nem vê
Sei que é difícil destruir o meu orgulho, tem palavra que a gente usa e ela crava
dói as vezes mas sempre passa
você me dá o que pode eu dou isso também
você abre a sua casa eu me sinto bem
fico dias do seu lado não fico saturado
e eu sei que pra você é difícil ser assim
mas chega num ponto e esclarece isso, não deixa eu esperar, não deixa o vento soprar
se você ama também
descomplica esse jogo
faz isso por mim mano
É sério, se cê quiser não perde o enlace
se você puder me abrace.

25 de setembro de 2019

Vida líquida e a busca incessante pelo "algo"

A vida humana oscila como um pêndulo, entre a dor e o tédio. Acreditar que a plenitude vem após conseguir aquilo que não temos, até que, quando conseguimos estamos completos. Finalmente o celular dos sonhos, o emprego dos sonhos, o amor dos sonhos. E quando conseguimos, o que acontece é o tédio, porque agora que temos, já não desejamos mais, passamos a desejar outra coisa. Segundo Schopenhauer, a vida se materializa num pêndulo entre a dor e o tédio, sofrimento por desejar aquilo que não temos, o tédio de conseguir aquilo que buscamos e, então, cair no tédio. Schopenhauer defende a ideia de que a felicidade está no espaço de tempo em que conquistamos algo antes de cair no tédio, e pra viver uma vida feliz você precisa aumentar ao máximo suas conquistas e assim viver esse curto período de felicidade.
Mas algo muda. No mundo de consumo essa ideia se perde um pouco. Hoje o pêndulo de Schopenhauer nunca esteve tão rápido. O mundo líquido faz com que tenhamos rapidamente os nossos desejos, mas ao mesmo tempo nos apresenta na mesma intensidade o tédio.
O desejo da falta. É simultaneamente a insatisfação por tudo aquilo que já temos e também o desejo/sofrimento pelo que ainda não está presente. Tudo aquilo que nos 'falta'.
E assim seguimos a vida, sempre em busca daquilo que nos falta, e se estamos em busca da felicidade, é porque estamos em busca de alto que não está presente. É porque a felicidade nos falta e isso é exatamente o que nos mantém presos dentro dessa incessante busca.
Afinal, como eu seria feliz... se eu fosse feliz.

Canal Quebrando a Caixa
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16 de julho de 2019

Coca Pó (ilusões pesadas)



Sacha Sperling - Ilusões pesadas (2011)

Brisa de Lótus

Estive andando por poças d'agua por uns tempos
Estive com a cabeça em turbilhões de pensamentos
E nada do que você disesse poderia me salvar
Porque eram todos os meus demônios

É difícil manter a fé
E é difícil se encontrar
Quando tudo que você tem
São tijolos derrubados

É difícil manter a bravura
E é difícil superar a queda
Quando tudo que você precisa
É da reconstrução

Então deixe-me fotografar esse momento
Antes que ele se vá
Caso seja a hora de partirmos pra vida que tanto sonhamos
Ou caso não veja o tempo passar
Ou caso não veja o tempo voltar

Eu estive andando pela cidade
Passando por caminhos que não fazia antes
Sinto falta dos momentos comigo
Das lembranças que guardo na memória
Que quando é outono, o vento sopra de volta.

Doce doce
Não perca sua essência
Não perca jamais
Querido querido
O que os outros falaram
Eles estavam todos errados
Você sempre será seu grande amor
Então não se decepcione
Se tudo desmoronar outra vez


Eduardo Cigaloti

SADÔ

EU AMO VOCÊ
Mas isso tá me doendo

EU AMO VOCÊ
Porque eu fico sem jeito

Tá me doendo
Eu fico sem jeito
Tá te doendo
Eu fico seu jeito
Se tá nos doendo
Talvez não tem jeito

Não deixa morrer
Não deixa acabar
Não deixa soltar
Nossas mãos

EU AMO VOCÊ

Seu mar me sufoca
Te amar me esboça
Rabisca
Transborda
Te amar me desbota
Te amar é arte

EU AMO VOCÊ

Porque eu sou artista

E eu te choro
Eu te dramatizo
Eu te desenho
Eu te coloro

EU AMO VOCÊ
EU AMO VOCÊ
EU AMO VOCÊ (SLOW)
EU AMO VOCÊ (SLOW)

Eu te sinto nas minhas veias
Te sinto nas minhas dores
Te sinto nas minhas intimidades
Na sua
Na nossa
Amor.

Eduardo Cigaloti